O céu de hoje: Saturno em Virgem, em oposição a Urano em Peixes, por Liz Greene

Extraído de Saturno, o Senhor do Karma, de Liz Greene

Primeiro, uma descrição brilhante das camadas de realidade:
“Na doutrina esotérica nos é ensinado que o plano físico é o plano dos efeitos, o último e mais denso de uma série de estados de consciência progressivamente mais sutis. Muitas pessoas concebem estes planos como tendo uma localização espacial, mas eles nunca foram descritos desta maneira; os planos referem-se muito mais a estados de consciência ou de percepção do que a lugares, e todos eles coexistem simultaneamente, ao mesmo tempo e durante todo o tempo, em todos os níveis e no mesmo ponto. Este é um conceito difícil de ser aceito pelo intelecto racional e lógico, uma vez que contém um paradoxo e deve ser percebido através da intuição, pois só a intuição é capaz de reconciliar as idéias opostas próprias de um paradoxo e vê-las como uma unidade.”

Sobre Saturno em Virgem ou Saturno na sexta casa:
“Saturno em Virgem parece oferecer uma oportunidade – frequentemente através da frustração, desapontamento e doença – para a realização de uma viagem através dos mistérios da interligação existente entre a mente e o corpo e a possibilidade de uma síntese deliberada e consciente de ambos, cuja recompensa é uma boa saúde e uma nova percepção do significado do corpo e do meio ambiente material. Contudo, são poucas as pessoas que têm percepção desta oportunidade, uma vez que não nos fizeram ter consciência de que o trabalho e a saúde podem ter um significado muito mais profundo. Nos casos mais comuns, Saturno em Virgem ou na sexta casa refere-se a um estado de doença, de mal-estar, ou de frustração e limitação na condição de trabalho do indivíduo. A necessidade psicológica fundamental de ritmo e ritual, da organização cuidadosa da vida exterior como um símbolo de organização cuidadosa da vida interior, que deveria caminhar em paralelo com a primeira, mas raramente caminha, muitas vezes é negada na infância. Essa necessidade é tão válida e tão real quanto a necessidade de segurança e de progresso.”
(…)
“Quando um homem é relativamente inconsciente, Saturno pode ser um símbolo de descontentamento e ressentimento, pois o indivíduo pode ter percepção somente do fato de que vive numa rotina e é prisioneiro das circunstâncias. Poderá sentir que é capaz de fazer coisas melhores e o tédio de sua rotina interminável o deixará irritado. Contudo, o significado da rotina escapa à sua percepção porque ele não compreende verdadeiramente o significado do trabalho. Nesta caso, a serenidade interior que pode ser conquistada através de um alinhamento com a vida do grupo através do trabalho, raramente é alcançada. A única coisa aparente é a monotonia do padrão exterior, sempre repetido. Saturno em Virgem pode sugerir que o indivíduo será impelido para o trabalho, mas sua concepção de trabalho geralmente envolve um emprego onde ele realiza tarefas subalternas para outros. Na doutrina esotérica, é dito que servir, antes de ser uma ‘obra louvável’, é uma qualidade inata do homem interior; é muito mais um estado de consciência do que um ato planejado.”
(…)
“No mito, todas as três divindades são invisíveis, misteriosas e ocultas, e não podem ser abordadas facilmente. Depois da sua castração e da perda do poder nas mãos de Saturno, Urano desaparece do panteão olímpico; de nenhum modo é esclarecido se ele morre ou não, se é que é possível a um deus morrer. Ele continua somente de uma forma indireta: as Fúrias, ou deusas da justiça e da retribuição, nascem do seu sangue, e Vênus, a deusa do amor, surge do oceano dentro do qual haviam sido lançados seus órgãos genitais amputados. Plutão rege o mundo dos infernos e raramente sai de sua toca; quando o faz, não pode ser visto pelos olhos do homem. Da mesma forma, Netuno rege um mundo oculto situado no fundo do mar e, assim como Poseidon, das suas cavernas subterrâneas ocultas, faz a Terra tremer. A mitologia tem a qualidade de apresentar o conteúdo do inconsciente coletivo de uma forma pura e inalterada porque é destilado através de muitos séculos e de muitas camadas de interpretação individual. A qualidade oculta ou desconhecida de Urano, Netuno e Plutão certamente sugere a percepção inconsciente dessas energias.”

Sobre os contatos Saturno-Urano:
“Saturno e Urano são velhos inimigos, e os aspectos de Saturno dirigidos a Urano não são particularmente fáceis, do ponto de vista do bem-estar da personalidade. O impulso de libertar-se das limitações da matéria e da identificação material, de liberar o poder do pensamento criativo e de aprender a dominar as forças da natureza pelo poder da mente não combina facilmente com a tendência de Saturno, de identificar-se com a forma e isolar-se de qualquer coisa que diga respeito ao grupo. (…) A capacidade de conceber uma idéia e de trabalhar com ela, como se ela tivesse tanta substância e tanta realidade quanto um objeto concreto – que, aos olhos do uraniano, ela, de fato, tem – não é um talento muito difundido no momento atual. Ele toca o mundo da magia e da metafísica, onde o pensamento é realidade e o poder de concentrar-se numa idéia está relacionado com o poder sobre a vida material. Recentemente, através de experimentações científicas, tornou-se evidente que o pensamento tem o poder de afetar a matéria; esta é, realmente, uma prova da visão uraniana. Atualmente, através das escolas ‘marginais’ de medicina e de cura, tais como a radiônica e a homeopatia, estamos começando a deduzir que o homem é composto não só de um corpo físico, mas de tipos de energia mais sutis, e que o pensamento afeta estas áreas mais sutis que, por seu turno, afetam a saúde física. Agora, quase 200 anos depois de seu descobrimento, Urano está começando a se deixar conhecer pelo homem de uma maneira realmente significativa. Levamos quase dois séculos para sentir o impacto do arquétipo no campo da consciência. A partir desse novo ângulo de visão, Saturno também aparece numa forma totalmente diferente, e a oportunidade que está ao alcance do indivíduo que tem contatos Saturno-Urano talvez siga ao longo da linha da materialização ou da manifestação da visão criativa de Urano.”

Via Paulo Rocha Blog: Avatar II e a luta contra Belo Monte

Publicado originalmente no Paulo Rocha Blog

16.04.10
Escrito por Rodolfo Salm.

Sou mais pessimista que James Cameron quanto à tecnologia e o futuro da humanidade. Em 2154, não acredito que estaremos chegando a galáxias distantes em naves espaciais colossais para roubar energia de planetas ainda virgens. Estaremos na verdade aqui, definhando. Seremos uma espécie ameaçada de extinção pelo longo processo de degradação ambiental e por termos exaurido e contaminado nossas principais fontes de vida e energia. E este processo teria na construção da hidrelétrica de Belo Monte um marco fundamental do barramento de todos os rios da Amazônia, e da consumação da sua destruição completa. Algumas analogias presentes no filme são perfeitamente didáticas. A minha preferida é a observação da Dra. Grace Augustine, a botânica interpretada pela atriz Sigourney Weaver que vive em Pandora há 15 anos, em relação ao Unobtainium: “a riqueza deste mundo não está no solo, está em toda a nossa volta, os Na’vi sabem e estão lutando para defender isso”.

Recentemente, estive no local exato onde se pretende construir a muralha que barraria o Xingu, na altura da ilha Pimental. Sobre a ilha, por onde a barragem passaria cruzando o rio, há uma imensa árvore morta que nos dá uma idéia aproximada da altura do possível paredão de 30 metros (ver foto acima). Hoje, trata-se de uma região paradisíaca, incrivelmente preservada. Passando de barco pela área é difícil acreditar que dentro de poucos anos pode haver ali um muro da altura de um prédio de dez andares. E que, acima da muralha, o rio que corre daria lugar a um lago podre e parado e, abaixo dela, o Xingu, com sua água desviada para canais de derivação, ficaria permanentemente quase seco, transformando suas margens em desertos, e expondo o seu leito aos garimpeiros e enxames de pragas que se multiplicariam nos pedrais e poças abandonadas.
O desfecho desta história real é difícil de antecipar. Apesar do leilão marcado para as próximas semanas, não há nada definitivo sobre Belo Monte. Nós não temos aqui na Terra aqueles seres gigantes alados, convocados em Pandora para auxiliar os Na’vi na sua luta final contra os terráqueos alienígenas. Mas não faltam guerreiros dispostos a matar e a morrer pela vida do rio, que também é sagrado para os que vivem aqui. Felizmente, parece que teremos importantes aliados na tarefa de levar esta história ao mundo. E eles estão começando a se mexer.

Rodolfo Salm, PhD em Ciências Ambientais pela Universidade de East Anglia, é professor da Universidade Federal do Pará.

Fonte: leia a matéria na íntegra: http://www.correiocidadania.com.br/content/view/4522/57/