“Saturno, patrono dos alquimistas” (Alexander Roob)

“Em tempos, Saturno foi o arrogante soberano da ‘Idade de Ouro’ da eterna juventude, mas desde que seu filho Júpiter o venceu e, segundo a Ilíada, foi ‘posto debaixo da terra’, a sua condição tornou-se lamentável; como Pai da Morte, com a foice na mão, passou a encarnar o aspecto destruidor do tempo e representa o ‘portão das trevas’ original da obra, que a matéria tem que transpor ‘para ser renovada na luz do paraíso’ (Aeyrenaeus Philalethes, Ripley Revived, Londres, 1677). A ele é atribuído o nível mais ínfimo e grosseiro, o sedimento da construção do mundo, pedras, terra e chumbo (antimônio). Böhme chamou-lhe ‘o soberano austero, frio, severo e rigoroso’ (Aurora), que criou o esqueleto material do universo.
Para os neoplatônicos, porém, ele se converteu ‘na figura mais sublime de um panteão interpretado em termos filosóficos’ (Klibansky, Panofsky, Saxl, Saturn und Melancholie, Frankfurt, 1992). De acordo com Plotino (205 – 270), ele simboliza o espírito puro, e Agrippa von Nettesheim (1486 – 1535) refere-se-lhe como ‘um deus imponente, sábio e compreensivo, o pai da contemplação silenciosa’ e um ‘guardião e descobridor de mistérios’ (De occulta philosophia, 1510). Foi assim que Saturno se converteu no patrono dos alquimistas, o seu modelo identificador.”

(extraído de Alquimia e Misticismo, O Museu Hermético – de Alexander Roob, Ed. Taschen)

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