“Em termos astrológicos, não podemos escapar aos trânsitos de Plutão nem controlá-los, assim como não podemos nos evadir às experiências de vida que nos lançam no domínio de Ereshkigal, ocasiões nas quais somos forçados a nos adaptar à perda de algo que nos é caro, e que desencadeia nosso senso de desespero e ultraje. Contudo, é normal tentarmos negar o processo de Plutão fixando-nos no ‘renascer maravilhoso’ e invalidando a depressão e o desespero – por exemplo, quando o astrólogo diz ao cliente para não se preocupar, pois ele está prestes a passar por uma transformação notável. O cristianismo instilou em nós a imagem do triunfo sobre a morte, a gloriosa ressureição que obscurece completamente a imagem da morte e da decomposição. Entretanto, essa imagem não proporciona nenhum apoio real aqueles que estão passando por depressão e desespero; além disso, essa imagem pode acabar incentivando as pessoas a se isolarem de seus sentimentos mais profundos. Nesse caso, perderíamos a oportunidade apresentada pelo mito – ou seja, a experiência das profundezas impessoais de nosso ser, nossa base instintiva feminina ou a fonte de tudo aquilo que reprimimos em nome da racionalidade e da lógica.”
(extraído de Imagens da psique, de Christine Valentine, Ed. Pensamento)