“Reconheçamos nossa própria ignorância.” (Stephen Arroyo citando Dr. Marvin Layman)

ARROYO: Chegamos aqui a dois pontos muito importantes que podem auxiliar o astrólogo praticante a manter-se concentrado e na disposição de espírito correta, com um pouco de humildade. Essas duas observações não podem ser consideradas superficiais e simples:

1. Há na mente de qualquer pessoa que procura um astrólogo, de forma consciente ou inconsciente, a crença de que, por trás das afirmações do astrólogo reside o poder do cosmos. Mesmo que estas pessoas sejam céticas na superfície (digamos, um cliente de capricórnio com 7 planetas em Virgem), elas não estariam ali se não tivessem, em algum lugar profundo do seu íntimo, o sentimento de que ‘aquilo que o astrólogo diz pode ser a verdade da minha vida. Talvez seja a verdade do cosmos.’
Assim, eis que surge a questão: quantos astrólogos dispõem das condições necessárias à interpretação do cosmos? É justamente isso que fazemos: interpretamos o cosmos. Interpretamos o estado do sistema solar como ele se reflete na vida do indivíduo. Trata-se de uma tarefa de caráter profundo. Mais uma vez, segundo penso, ela traz a cada pessoa um pouco de humildade e a percepção de que precisamos reconhecer nossos próprios limites. O segundo ponto mantém estreita relação com o primeiro.
2. Estamos lidando com algo sagrado quando aconselhamos outra pessoa com relação às suas necessidades, aos seus sentimentos e às suas aspirações de caráter mais profundo. Não lidamos simplesmente com um objeto a serviço da exaltação do nosso ego. Não lidamos com uma coisa que podemos tratar como argila e moldar da forma que nos aprouver. (O aconselhamento) constitui uma interação extremamente sagrada. Precisamos ter a consciência de que só podemos interpretar o cosmos e, por conseguinte, a vida da pessoa que temos diante de nós, até o limite do nosso grau mais elevado de consciência. Essa pessoa pode ter um nível de consciência e de aspirações mais elevado que o nosso. É preciso dar um espaço para a nossa própria ignorância! Por mais que se saiba, 90% dos clientes pode ter mais consciência que nós. É preciso deixar um espaço para isso. Reconheçamos nossa própria ignorância.
Por exemplo, um certo fator netuniano num determinado mapa pode ser um indício de auto-ilusão, mas também pode indicar uma tremenda dedicação espiritual ou um impressionante idealismo ou devoção. Pode também indicar essas duas espécies de coisas! Assim, é preciso dar espaço para a pessoa a que este fator se refere. Não podemos simplesmente proclamar: ‘Ah, isso indica auto-ilusão.’ Não sabemos necessariamente quais são as aspirações daquela pessoa no nível mais profundo. Assim sendo, como dizem na homeopatia: ‘antes de tudo, não provoque qualquer dano.’ Deixe que as pessoas sejam o que são.
(extraído de Astrologia, prática e profissão, de Stephen Arroyo, Ed. Pensamento. Arroyo cita dois tópicos de Interviewing and counseling techniques for astrologers, de Dr. Marvin Layman)

2 comments

  1. Perfect reminder! Sometimes we forget that we are touching the soul, working with something that is sacred in every human being. And the soul is bigger than the interpretation. Un abrazo!

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