“Darcy
Ribeiro
é
um
dos
maiores
intelectuais
que
o
Brasil
já
teve.
Não
apenas
pela
alta
qualidade
do
seu
trabalho
e
da
sua
produção
de
antropólogo,
de
educador
e
de
escritor,
mas
também
pela
incrível capacidade
de
viver
muitas
vidas
numa
só,
enquanto
a
maioria
de
nós mal consegue
viver
uma.”
(Antonio
Candido,
Folha
de
S.Paulo
)
Nota
das
orelhas
do
livro:
Por
que
o Brasil
ainda
não
deu
certo?
Darcy
Ribeiro, ao
chegar
no
exílio,
no Uruguai,
em
abril
de
1964,
queria
é
responder
a
essa
pergunta
na
forma
de
um
livro‐painel
sobre
a
formação
do
povo
brasileiro
e
sobre
as
configurações
que
ele
foi
tomando
ao
longo
dos
séculos. Viu
logo,
porém
que
essa
era
uma
tarefa
impossível,
pois
só
havia
o
testemunho
dos
conquistadores.
E
sobretudo
porque
nos
faltava
uma
teoria
crítica
que
tornasse
explicável
o
mundo
ibérico
de
que
saímos,
mesclados
com
índios
e
negros.
Afundou‐se,
desde
então,
na
tarefa
de
produzir
seus
Estudos
de
antropologia
da
civilização,
que
pretendem
ser
essa
teoria.
A
propósito
deles,
Anísio
Teixeira
observou
que
“embora
um
texto
introdutório,
uma
iniciação,
não
é
reprodução
de
saber
convencional,
mas
visão
geral,
ousada
e
de
longa
perspectiva
e
alcance.
Darcy
Ribeiro
é
realmente
uma
inteligência‐fonte
e
em
livros
desse
tipo
é
que
se
sente
à
vontade.
Considero
Darcy
a
inteligência
do
Terceiro
Mundo
mais
autônoma
de
que
tenho conhecimento.
Nunca
lhe
senti
nada
da
clássica
subordinação
mental
do
subdesenvolvido
[…].”
“
Mas
Darcy
continuou
trabalhando
sempre
no
seu
texto
sobre
o
Brasil
e
os
brasileiros,
explorando
tanto
as
fontes
bibliográficas
disponíveis
como
as
amplas
oportunidades
que
ele
teve
de
observação
direta
de
todos
os
tipos de
gentes
do
Brasil.
Recentemente,
vendo‐se
em
risco
de
morrer
numa
UTI,
fugiu
de
lá
para
viver
e
também
para
escrever
este
seu
livro
mais
sonhado.
Levou
consigo,
para
uma
praia
de
Maricá,
as
copiosas
anotações
feitas naqueles
anos,
que
ele
compaginou
ali.
Foram
trinta
anos
de
mais
quarenta
dias.
Trata‐se
de
seu
livro
mais
ambicioso,
resultantes
daqueles
estudos
prévios,
mas
independente
deles.
É
uma
tentativa
de
tornar
compreensível,
por
meio
de
uma
explanação
histórico‐antropológica,
como
os
brasileiros
se
vieram
fazendo
a
si
mesmos
para
serem
o
que
hoje
somos.
Uma
nova
Roma, lavada
em
sangue
negro
e
sangue
índio,
destinada
a
criar
uma
esplêndida
civilização,
mestiça
e
tropical,
mais
alegre,
porque
mais
sofrida,
e
melhor,
porque
assentada
na
mais
bela
província
da
Terra.
Antropólogo,
ensaísta,
romancista
e
político,
Darcy
Ribeiro
nasceu
em
Montes
Claros,
MG,
em
1922.
É
autor
de,
entre
outros,
O
processo
civilizatório
(1968),
Os
índios
e
a
civilização
(1970),
Maíra
(1976),
O
mulo (1981),
Utopia
selvagem
(
1982)
e
Migo
(1988).