“Bom é o homem que está dolorosamente harmonizado com o Infinito.
Belo é o homem que está gozosamente harmonizado com o Infinito.
Entretanto, não nos esqueçamos, essa harmonia, tanto a dolorosa como a gozosa, supõe um estado consciente e livre; a natureza inconsciente, embora harmonizada com o Todo, não está nem dolorosa nem gozosamente harmonizada, porque se acha em estado neutro, de harmonia inconsciente.
Logo, não podemos incluir a natureza inconsciente na designação do bom e do belo.
Um ser consciente e livre está, pois, no plano do bom quando harmoniza conscienciosamente com o Todo, mas ainda com dificuldade e sacrifício. Esta dificuldade, esta sacrificialidade, têm algo de feio, por implicar um dever difícil, forçado, mantido com sofrimento. Tudo que envolve dificuldade, sofrimento, sacrifício, virtuosidade, dever compulsório, não é belo, embora possa ser bom.
O ser-belo é o esplendor do ser-bom. A beleza é a exultante leveza da bondade.
Quando Mahatma Gandhi disse que “a verdade é dura como diamante e delicada como flor de pessegueiro”, teve ele um momento de grandiosa visão da filosofia da arte; percebeu que o homem perfeito não é apenas bom, mas que ele é jubilosamente bom, isto é, belo.
O homem bom é dolorosamente austero.
O homem perfeito é sorridentemente austero, a dureza diamantina de sua verdade culminou na delicada leveza de uma flor de pessegueiro.
Há homens alegremente maus – os profanos.
Ha homens alegremente bons – os homens-perfeitos, os homens-cósmicos.
O homem profano, alegremente mau, não é talento nem gênio.
O homem virtuoso, tristonhamente bom, pode ser um talento, mas não é um gênio.
O homem cósmico, alegremente bom, é um gênio – é ele o homem belo, o homem puro, o homem-kosmos, o homem-mundus, o homem-univérsico.”
(extraído de Filosofia da Arte – A metafísica da verdade revelada na estética da beleza, de Huberto Rohden, ed. Martin Claret)
Maravilhoso
Excelente visão do pensamento de Rohden; excelente oportunidade de valorizar sua obra; excelente boa vontade da posadora. Somos Unos!