“O espírito não nasce nem morre, apenas entra e sai de corpos perecíveis”
Krishna à Arjuna: (Baghavad Gita)
11 Andas triste por algo que tristeza não merece – e tuas palavras carecem de sabedoria. O sábio, porém, não se entristece com nada, nem por causa dos mortos, nem por causa dos vivos.
12 Nunca houve tempo em que eu não existisse, nem tu, nem algum desses príncipes – nem jamais haverá tempo em que algum de nós deixe de existir em seu Ser real.
13 O verdadeiro Ser vive sempre. Assim como a alma incorporada experimenta infância, maturidade e velhice dentro do mesmo corpo, assim passa também de corpo a corpo – sabem os iluminados e não se entristecem.
14 Quando os sentidos estão identificados com objetos sensórios,experimentam sensações de calor e de frio, de prazer e de sofrimento – estas coisas vêm e vão; são temporárias por sua própria natureza. Suporta-as com paciência!
15 Mas quem permanece sereno e imperturbável no meio de prazer e sofrimento, somente esse é que atinge imortalidade.
16 O que é irreal não existe, e o que é real nunca deixa de existir. Os videntes da Verdade compreendem a íntima natureza tanto disto como daquilo, a diferença entre o Ser e o parecer.
17 Compreende como certo, ó Arjuna, que indestrutível é aquilo que permeia o Universo todo; ninguém pode destruir o que é imperecível, a Realidade.
18 Perecíveis são os corpos, esses templos do espírito – eterna, indestrutível, infinita é a alma que neles habita. Por isto, ó Arjuna, luta!
19 Quem pensa que é a alma, o Eu, que mata, ou o Eu que morre, não conhece a Verdade. O Eu não pode matar nem morrer.
20 O Eu nunca nasceu nem jamais morrerá. E, uma vez que existe, nunca deixará de existir. Sem nascimento, sem morte, imutável, eterno – sempre ele mesmo é o Eu, a alma. Não é destruído com a destruição do corpo (material).
21 Quem sabe que a alma de tudo é indestrutível e eterna, sem nascimento nem morte, sabe que a essência não pode morrer, ainda que as formas pereçam.
22 Assim como o homem se despoja de uma roupa gasta e veste roupa nova, assim também a alma incorporada se despoja de corpos gastos e veste corpos novos.
23 Armas não ferem o Eu, fogo não queima, águas não molham, ventos não o ressecam.
24 O Eu não pode ser ferido nem queimado; não pode se molhado nem ressecado – ele é imortal; não se move nem é movido, e permeia todas as coisas – o Eu é eterno.
25 Para além dos sentidos, para além da mente, para além dos efeitos da dualidade habita o Eu. Pelo que, sabendo que tal é o Eu, por que te entregas à tristeza, ó Arjuna?
26 Se o ego está sujeito às vicissitudes de nascer e morrer, nem por isto deves entristecer-te, ó Arjuna.
27 Inevitável é a morte para os que nascem; todo o morrer é um nascer – pelo que, não deves entristecer-te por causa do inevitável.
28 Imanifesto é o princípio dos seres; manifesto o seu estado intermediário; e imanifesto é também o seu estado final. Por isto, ó Arjuna, que motivo há para tristeza?
29 Alguns conhecem o Eu como glorioso; alguns falam dele como glorioso; outros ouvem falar dele como glorioso; e outros, embora ouçam, nada compreendem.
30 Eterno e indestrutível é o Eu, que está sempre presente em cada ser. Por isto, ó Arjuna, não te entristeças com coisa alguma.