28/08/2012 18h35 – Atualizado em 29/08/2012 09h19
Gavião raro é encontrado em Goiás após ser baleado na asa e na pata
Animal da espécie Harpia harpyja é uma fêmea adulta de 7,5 quilos.
Ave não era vista no estado há 40 anos, afirma coordenador do Cetas.
Humberta CarvalhoDo G1 GO
Quase um metro de altura e dois de envergadura de asas. Essas são as medidas do gavião real fêmea, adulto, de 7,5 kg encontrado no último fim de semana em uma fazenda do município de Cocalzinho, a 129 km de Goiânia. O último registro visual confirmado do animal da espécie Harpia harpyja em Goiás foi há 40 anos, segundo o coordenador do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), Luís Alfredo Lopes Baptista.
A ave, segundo relatório veterinário, foi baleada com chumbinho na asa esquerda e na pata. “Ela chegou aparentemente bem, embora a asa esquerda estivesse caída. É um animal belíssimo. É uma tristeza ele ter sido baleado. Quarenta anos sem ver um exemplar desse e a primeira vez que é visto depois de todo esse tempo é nessa situação”, lamenta Luís Alfredo.
Há cinco anos trabalhando no Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a analista ambiental Ana Carolina Dias Oliveira diz que nunca viu uma ave como essa no estado. “É um animal raríssimo de se encontrar e nos sentimos grandiosos por poder conhecer um animal desse”.
Habitat natural
O gavião real pode ser encontrado com mais facilidade em matas preservadas, como na Amazônia, além de algumas florestas da Mata Atlântica. Como ela veio parar em Goiás ainda é um mistério.
“Para a gente, também é uma dúvida como esse animal veio parar em Cocalzinho. Levantamos algumas hipóteses de que ela estava tentando se estabelecer e veio descendo pelo corredor do Rio Araguaia, pelas matas do Tocantins até aqui ou, por muita sorte, pode ter se estabelecido já há algum tempo, provavelmente próximo à Serra dos Pirineus. Esse vai ser agora um dos focos da nossa investigação”, declara o coordenador Luís. O objetivo agora é saber se existem mais aves da espécie no estado.
(Foto: Divulgação/Cetas-GO)
A garra ave rapina pode chegar a 7 centímetros, permitindo que ela capture presas grandes como macacos-prego, preguiças e quatis. De acordo com os veterinários do Cetas, o estado geral do gavião real é bom. O que preocupa agora é a alimentação, já que é uma espécie que se alimenta de caça. Dentro de 10 a 15 dias ele passará por um novo raio-x.
O destino do animal ainda não foi definido e depende de sua recuperação. A devolução à natureza não esta descartada. “Caso ela não possa mais voar, vamos mandá-la para um criadouro conservacionista, mantenedor de fauna, para tentar reproduzir em cativeiro. Se ela conseguir se reabilitar pode voltar a natureza”, explica Luís.
Raridade
O gavião real é um animal raro, pouco visto até mesmo por causa de sua baixa densidade populacional. A ave, segundo o Cetas, tem um comportamento silencioso e as pessoas não o veem. Ele foi retirado da lista de animais em extinção em 2003, embora seja considerada uma espécie rara.